Livro dá lição de fé e otimismo
Livro escrito pelas jornalistas Dalvina Nogueira e Honória Dietz, acompanhou a luta da médica Maria Aguiar contra leucemia. Entre o tratamento e o medo da morte, a protagonista se firma como uma das referências no tratamento do câncer em Goiás
A jornalista Honória Dietz, como conhecida da família e membro da Igreja Presbiteriana Maranatha, acompanhou a luta contra a leucemia da jovem Marina Aguiar, a partir do ano de 2007 e então sentenciou: aquela saga precisava se tornar um livro. Foi então que ela colocou a família da jovem em contato com outra jornalista, Dalvina Nogueira, conhecida por escrever biografias, e o resultado dessa parceria é o livro “Menina dos Olhos – Como Marina enfrentou a morte e abraçou a vida”, que será lançado nessa quarta-feira, dia 11.
De acordo com Instituto Nacional de Câncer (Inca), a leucemia ocorre com mais frequência em adultos com mais de 55 anos, sendo ainda o câncer mais comum em crianças menores de 15 anos. No Brasil, de acordo com estimativa do instituto, o número de casos novos da doença estimados para cada ano do triênio 2020-2022 é de 5.920 em homens e de 4.890 em mulheres. Ainda segundo o instituto, em 2019, ocorreram 7.370 óbitos por leucemia no país.
“O livro retrata minha história de superação e milagre, como enfrentei a morte, venci a leucemia e transformei a minha dor em propósito de vida. É um relato com o qual espero trazer fé e esperança para quem está enfrentando essa ou outras doenças, mesmo quando não as perspectivas não são favoráveis”, resume Marina Aguiar, que foi diagnosticada com a leucemia LLA e viu a maioria de suas jovens colegas de enfermaria no Hospital das Clínicas, na capital, perderam a batalha para a doença durante os oito meses no qual ficou internada, inicialmente.
Conhecida como câncer no sangue, a leucemia tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células normais. Existem mais de 12 tipos de leucemias e, entre as mais recorrentes, está o tipo que desenvolveu Marina, que tinha indicação de fazer o transplante de medula óssea.
A família, na época, se mobilizou de todas as formas. A campanha em busca de um doador transformou a jovem em capa de “O Popular”, e foi muito mais longe. Foram oito ciclos de quimioterapia sem se dar a remissão da doença e muitas incertezas. Sua mãe chegou a engravidar na esperança de gerar irmãos compatíveis com a filha. Teve gêmeos, mas eles não eram compatíveis, o que deixou a família desesperada.
Já sem muito o que fazer, o médico que a assistia resolveu, como tratamento paliativo, repetir o protocolo das quimioterapias em Marina, só que dessa vez com quimioterapia feita para crianças. Aos poucos, a doença foi cedendo e atualmente já são 15 anos de cura, comemorados sempre em 1º de abril, dia da alta do HC.
Enquanto lutava pela vida, Marina nunca desistiu. Tinha fé que venceria, tanto que manteve a faculdade de odontologia até onde conseguiu e, com a alta das quimios, decidiu mudar o rumo dos estudos e prestar vestibular para Medicina na PUC/GO. Decidiu freqüentar o curso, ainda em processo de quimioterapia. A formatura veio como um reconhecimento para todo esforço e fechamento de um ciclo e início de outro.
Marina voltou para o Araújo Jorge, sim, mas já como médica formada, para se especializar em hematologia, com o mesmo médico que ajudou em sua cura. E depois de fazer especialização em transplante de medula no Inca do RJ, um dos mais renomados em tratamento de câncer do país, ela volta ao Hospital Araújo Jorge, agora como coordenadora do transplante
A jornalista Dalvina Nogueira conta que Marina foi a primeira jovem que biografou e, neste caso, tinha uma missão diferente. Não era só contar as lutas e vitórias de uma vida longa e, sim, criar com o leitor uma empatia. “A intenção era que Marina se tornasse íntima do leitor, que passou a acompanhá-la desde o nascimento até o diagnóstico”. “Foi uma forma de buscar espelhar no leitor um mínimo da dor sofrida pelos pais e depois a alegria da cura acabou tendo um efeito catártico”, explica a escritora.
Honória Dietz, jornalista e historiadora, que estreia nessa obra como coautora na verdade, participou de várias etapas do tratamento da Marina. Acompanhou a dor de Keila e Fernando, os pais, na época da doença. Com uma visão de historiadora, ela ajudou a dar uma sequência coerente aos fatos. “Escrever a história da Marina foi uma realização. Acompanhei os dias difíceis e agora posso festejar essa fase maravilhosa que é o lançamento do livro, desse relato de luta e superação. Tenho certeza que esse livro mudará vidas”, completa Honória.
O lançamento do livro Menina dos Olhos – Como Marina enfrentou a morte e abraçou a vida acontece das 17h às 21h desta quarta-feira, 11 de maio, no empório Reserva 35, localizado na Rua 1137, no setor Marista. O evento é aberto ao público e parte da renda obtida com as vendas será destinada às seguintes instituições: Associação de Combate ao Câncer de Goiás (ACCG), Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e ONG Missão África.
DM acompanhou saga de médica
No ano de 2007, o Diário da Manhã mostrou a saga de Marina Aguiar, então internado para os oito meses de quimioterapia no Hospital das Clínicas da Universidade Federal e Goiás. A matéria, intitulada Vontade de Viver, escrita pela repórter Érika Lettry, falou sobre os medos e os sonhos da menina e, ainda, sobre a dificuldade em se conseguir um doador de medula óssea.
A reportagem, veiculada na primeira página do DMRevista, fala ainda do fator otimismo, perseverança e fé no fator cura. Ilustrando a matéria, a foto de Marina, em pleno tratamento, ainda sem cabelos, juntamente com a mãe, Keila Mesquita Aguiar. Desde então, muita coisa mudou e, comparando a foto da Marina atual, hematologista e coordenadora do departamento de Transplante de Medula do Hospital Araújo Jorge, com a daquela menina com expressão adoentada tem-se uma noção da longa jornada percorrida pela jovem.
Link original:
https://adm.dm.com.br/cotidiano/2022/05/livro-da-licao-de-fe-e-otimismo/